Fernandas

"I think he did a little more than let it happen... Charitably... I think... sometimes, perhaps, one must change or die. And, in the end, there were, perhaps, limits to how much he could let himself change." Lucien - The Sandman (v10. The Wake). 



Encontrei perdido no meu antigo e-mail alguns textos de blog antigo, aquela coisa de blog-não-divulgado, quase um diário secreto com anonimato garantido. Comecei a ler e, nossa, como eu mudei. De aparência, de alma, de gostos, de sentimentos. Nem lembro como era ser aquela Fernanda mais sonhadora e com uma certa esperança de que o mundo todo pode mudar para melhor. Meu pessimismo característico até era presente, mas não como é hoje, ele tinha um fundo de fantasia que eu não encontro mais e até acho bobo. 

Meus amigos dizem que foi a faculdade que me mudou, talvez tenha sido mesmo. É inegável que a pessoa que entrou por aquelas colunas da Santos Andrade é outra pessoa, não a que está aqui escrevendo. Não que eu tenha perdido a esperança na vida e no mundo completamente, mas estou cada vez mais racional, pensando meticulosamente sobre as coisas de uma forma até não intencional.

Curiosamente hoje vi duas novas amigas demonstrando um carinho uma pela outra no estilo "olha como eu te adoro", fazendo tatuagens da amizade, coisas assim que me deixaram sem reação. Sério, acho uma coisa tão.. irracional. Na minha cabeça é assim: elas mal se conhecem, como pode haver esse tipo de interação? Será que não é cedo demais pra isso? Será que algo pode ser pra sempre?

Eu tenho minhas melhores amigas, amigas que eu tenho desde criança e que eu sei que sempre serão uma espécie de porto seguro, com elas parece que o tempo não passa e que, no fundo, ainda temos alguma coisa do que já fomos porque é a nossa amizade preserva isso. Agora, se antes era difícil demonstrar o que eu sentia, hoje em dia então eu nem sei direito se ainda sei fazer isso da forma convencional. Não gosto de falar o que eu sinto, acho meio bobo, acredito que seja por isso fotografo tanto. Algumas vezes é a minha única forma de mostrar o que aquilo significa para mim, mesmo que só eu entenda o que eu mostro, mas pelo menos fica registrado fora de mim. Eu não sou fofa ou doce – a menos que seja no sentido de gorda e chocólatra – mas gosto quando as minhas fotos saem leves. Nem parece coisa minha a primeira vista para quem me conhece apenas superficialmente. 

No meu atual momento eu estou tentando ser mais despreocupada, menos desconfiada e viver mais, acho que as cores que eu escolho e até mesmo o que eu fotografo representa isso. Eu não ia escrever esse tipo de coisa aqui, mas se algo ainda me liga àquela outra Fernanda é a nossa imprevisibilidade. Quem sabe a próxima eu seja tão imprevisível que mude até mesmo isso.

Fernanda - aquela de agora.

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